A Podologia

A Podologia nasceu de raizes comuns de onde nasceram todas as profissões da área da saúde.

Essas raízes são: fundamentos biológicos, a química e a física aplicada à vida.

Essas raízes fizeram brotar troncos que se dividiram em três:

Medicina: aqueles que estudavam Latim, Filosofia e, a arte de curar as doenças. Esses a princípio não tocavam no corpo por acharem que o corpo era impuro. Eram seguidores do dualismo de Sócrates e Platão.

Cirurgião: aprendiam a arte de fazer cirurgias de forma empírica e depois com algum sistema, mas em geral não eram cultos no sentido do conhecimento da Filosofia, do Latim e dar artes. Na idade média eram plebeus. Aí encontramos o açougueiro, o barbeiro, parteiro, o cirurgião (batedores de catarata, litotomistas, romancistas, etc.). Eram donos de lojas onde ofereciam seus serviços e vendiam seus produtos, desde cortar cabelos, desencravar unhas, extrair dentes, amputar membros, desobstruir a uretra, etc.

Curandeiros: encontramos a figura do pajé, do mago, da feiticeira e de todos aqueles que buscavam a cura através do sobrenatural ou do desconhecido... Talvez esta seja a mais antiga das profissões da saúde...

Com o passar do tempo a Medicina buscou atrair o cirurgião para a academia. Não foi uma tarefa fácil, porque muitos cirurgiões (cirurgiões-barbeiros) preferiram ficar em suas lojas, porque ali tinham uma renda melhor e não precisariam deixar de lado seus ganhos para estudar... Porém uma parte considerável entrou para a academia e hoje temos a Cirurgia e a Medicina como uma única profissão, pois assim como o cirurgião entrou para a academia, o médico deixou de lado o dualismo de Sócrates e Platão e passou a encarar o corpo e as doenças não como impurezas da alma, mas como um processo onde mente e corpo se confundem num único ser.

Os médicos e universitários desprezavam o cirurgião. A cirurgia era rentável, porém mal vista.

Exemplo de propaganda feita por cirurgiões (médicos) da antiguidade:

“Isaac Macaire, Médico, Barbeiro e Cirurgião, Sacristão da Paroquia, professor da escola, ferreiro e parteiro, barbeia por um real, corta o cabelo por dois maqueia e penteia a bom preço as senhoritas. Ensina aos jovens homens gentis a cantar e a ferrar os cavalos; ensina a tocar instrumentos musicais; cortar calos, ... vende artigos de perfumaria por maior e menor preço, ... vende artigos de papelaria, arenques, salgados, salsichas, emplastros, faz sangrias e ventosas...”

Os cirurgiões que entraram para a academia e se tornaram médicos hoje, muitas vezes, não conseguem perceber esse passado e neste exato momento estão dentro centros cirúrgicos salvando vidas na condição de médicos cirurgiões.

Aqueles cirurgiões que resolveram ficar do lado de fora da academia pouco a pouco estão ingressando para a área da saúde regulamentada.

No final do século XIX e início do século XX a Odontologia, que antes era exercida pelo cirurgião barbeiro, pelo calista ambulante, que era também o “sacamuelas” (dentista), entrou para a academia na maior parte dos países e depois da segunda metade do século XX entrou para a academia no Brasil, isso muito recentemente.

A Podologia inicou seu ingresso na academia também na mesma época que a Odontologia e hoje já é uma profissão reconhecida na maior parte dos países que tem antiga história, países desenvolvidos. A cultura dos países sub-desenvolvidos (a falta de conhecimento da história e o individualismo em detrimento dos interesses da vida humana como um todo) continua a segurar a regulamentação da Podologia como profissão da área da saúde, esquecendo do passado em comum entre cirurgiões barbeiros e médicos. Ao invés de trazerem para perto de si próprios, os setores regulamentados querem destituir a Podologia do seu caráter de prevenção e promoção da saúde, tentando em vão relega-la ao caráter de embelezamento dos membros inferiores... enquanto isso por desconhecimento do que é Podologia e do seu benefício para a sociedade os governos desses países gastam fortunas com amputações por não terem verdadeiros especialistas em pés, que são os podólogos. Ao contrário, esses governantes e a classe médica e da Enfermagem pensam que geram especialistas, mas seus especialistas entendem ora de ossos, ora de pele, ora de vasos ou nervos, ora de necessidades humanas afetadas, mas não enxergam os pés como um complexo que une todos esses sistemas, tecidos e células, além de ser parte integrante do “ser humano complexus”, como dizia Edgar Morin.

Datas, passagens e nomes históricos para a Podologia:

Na Europa:

“O pé do homem é totalmente próprio. É diferente de qualquer outro pé. Constitui a parte mais característica humana de toda a sua estrutura anatômica; uma especialização humana que faz o homem se sentir orgulhoso de ser assim, pois representa sua marca mais característica; desde que o homem tem sido homem e siga sendo homem ele é e será reconhecido pelos seus pés e diferenciado por eles dos demais membros do reino animal. É o pé quem dá ao homem o seu “status” de ser humano”

Jones Word Frederick, 1600. Anatomista britânico.

Bautista Samarro Juan: cirurgião barbeiro. Escreveu “Indicações de sangria”, Villadoid 1604

Giovanni Alfonso Borelli: 1608 – 1679. Mecanicista. Aplicava as leis matemáticas ao estudo da mecânica animal e aos movimentos. Em seu livro “De motu animalium” se comparava os ossos a alavancas, estudando a contração muscular, a respiração, etc Partia do pressuposto de que os seres vivos funcionam como uma máquina

Granaldo Cristóbal: cirurgião barbeiro. Em 1618 publicou o livro “Tratado de Flebotomia”

Muñoz Alonso: Protobarbeiro, em 1621 edita em Valência: Instrução dos Barbeiros Flebotomianos”

Maximus Jacobus: em 1662, italiano que mudou para a Alemanha. Professor que utilizava a pedra de “Safonya” para desbastar os calos. É considerado o 1º podólogo da Europa

Pérez de Bustos Diego: cirurgião barbeiro, em 1630 publica em Madri o livro “Tratado Breve de Flebotomia”

Beaumont Blas: cirurgião e sangrador do Rei, examinador de sangradores de todo o Reino, acadêmico da Régia Academia de Sevilla e demonstrador senior pelo Rei de Anatomia dos Reis Hospitais de Madri, examinador do protobarberato.

Virgili Pedro: 1699 – 1776. Ajudante de Barbeiros e Sangradores. Mudou para Montpellier e foi ajudante do Prof. Levret. Fundou o Colégio de cirurgiões de Barcelona

Andry Nicholas: 1658 – 1759. Professor de Medicina na Universidade de Paris e decano da Faculdade de Física. Em 1741, aos 81 anos publicou: “Orthopaedia: o el arte de corregir y prevenir deformidades em niños por métodos que pueden ser fácilmente aplicados por los mismos padres y los encargados de la educación de los niños”

Protocirujanato: ocupou o lugar do protobarberato denominando seus membro de: cirurgiões ou cirurgiões romancistas.

Nesta época os cirurgiões, na Espanha, queriam ser considerados equivalentes a médicos.

O calista ambulante, na segunda metade do século, desapareceu das ruas e abriu seu “consultório”, tratando de calos e dentes.

O cirurgião barbeiro ou romancista ganhava muito bem e não queria deixar suas lojas

1797 Carlos IV regulamenta os exames para os cirurgiões barbeiros e romancistas

Outros acontecimentos não foram narrados neste momento, mas serão acrescidos futuramente...

Nos estados Unidos:

1918: Conselho Nacional de Eucação de Quiropodistas (USA)

Precursor do Conselho de Educação Médica Podiátrica (USA)

1918: Adotado o termo Podiatria

1918: Curso técnico de Podiatria (Podologia) – 2 anos

1925: 2.100 h/a mais 1.000 h/a de prática (3.100 h/a no total)

1930: Oficializou-se o uso de técnicas cirúrgicas pelos podiatras (podólogos)

1930: Iniciou-se o tratamento com “suportes plantares” e “artifícios modelados”

1934: 3 anos de estudos mais 1 ano de prática

1938: AMA : proíbe a afiliação de Escolas de Podiatria

1938: Decisão do Conselho Judicial da AMA: “Podologia não é um culto como a osteopatia, a quiropraxia, ou Ciência Cristã, que têm bases não-científicas do tratamento, podologia é um acessório para a prática médica em um campo limitado considerados não suficientemente importantes para o médico e, portanto, muitas vezes negligenciado, e preenche uma lacuna na profissão médica”

1941: Suprema Corte de Michigan: aprova o uso de anestésicos

1957: aprovação do uso do título de “especialista” pelo Conselho de N. York.

1958: Oficializou-se o nome Podiatria

Outros acontecimentos não foram narrados neste momento, mas serão acrescidos futuramente...

No Brasil:

Conforme documentos históricos a Podologia estava vinculada à Enfermagem na década de 30 do século XX (documento pode ser visualizado ao lado)

Final da década de 50 do século XX a Podologia foi reconhecida como uma profissão a fim da Medicina (com a criação do SNFM – Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina e Farmácia).

No final da década de 60 do século XX foi criada a A.B.P. Associação Brasileira de Pedicuros (hoje Podólogos), tendo como um dos seus fundadores o Prof. Laci Neves de Azevedo, também responsável pela introdução do Curso profissionalizante de Pedicuro no SENAC de São Paulo no final dos anos 70 do século XX.

O curso começou com aproximadamente 400 horas/aula no final da década de 70 do século XX.

Nos meados dos anos 90 do século XX foi transformado em Curso Técnico em Podologia com uma carga de aproximadamente 1200 horas/aula.

2002: foi criado o curso Sequencial de Formação Específica na Universidade Anhembi Morumbi - UAM: 1880 horas/aula.

2008: Graduação Tecnológica (Universidade Anhembi Morumbi): 2880 horas/aula.

2012: Graduação (Bacharelado na Universidade Anhembi Morumbi): 3240 horas/aula.

Principalmemérica Latina e também com a Espanha.

O ponto de partida foi o estágio no Hospital Italiano de Buenos Aires (Seção de Podologia) com o pdgº Carlos Alberto Rodriguez, o qual tem em seu curriculum, entre outros estágios, trabalhos e cursos, a passagem pelo The London Foot Hospital.

Participaram do estágio no Hosp. Italiano de Buenos Aires os podólogos Armando Bega e Maisa Armelin.

Outros acontecimentos não foram narrados neste momento, mas serão acrescidos futuramente...

obras consultadas:

BLÁZQUEZ, TOMÁS URIEN. Podologia: historia antigua y moderna. Editorial Vision Net, Madrid, 2007.

LEVY, LEONARD A.; HETHERINGTON, VINCENT J. Principles and Practice of Podiatric Medicine. 2ª edição. Data Trace, Maryland, 2006.

Obs: as informações sobre a Podologia brasileira foram coletadas de documentos, cópia em anexo, e de informações de podólogos e de instituições citadas.